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  • Foto do escritorPadre Dr. Nilson Resende

O Valor da vida e o suicídio

Atualizado: 21 de jul. de 2020

A morte natural faz parte da vida e quando a pessoa perde a esperança da vida vai-se sem despedida, cometendo-se o suicídio, podendo ser uma ação de melancolia, descrença, impulsividade e desespero. O suicídio torna-se uma resposta e saída para dar fim a sua dor, sua angustia e seu sofrimento existencial insuportável. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) é “um ato deliberado executado pelo próprio indivíduo”. Já o Catecismo da Igreja Católica o suicídio “contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. É gravemente contrário ao justo amor de si mesmo”.




O fenômeno do comportamento suicida, segundo as estatísticas apontam que há, no Brasil, 4.6 casos para cada 100.000 habitantes. E sua abordagem que é extremamente complexa e difícil, pode se analisar e discutir este ato de forma jurídica, social, psicológica, religiosa e filosófica. A prevenção do comportamento suicida deve começar na família.Do ponto de vista clínico, é importante compreender o sofrimento para entender como se chega ao ato do suicídio.

O que podemos observar? “1. Comportamento retraído, inabilidade para se relacionar com a família e amigos, pouca rede social; 2. doença psiquiátrica; 3. alcoolismo; 4. ansiedade ou pânico; 5. mudança na personalidade, irritabilidade, pessimismo, depressão ou apatia; 6. mudança no hábito alimentar e de sono; 7. tentativa de suicídio anterior; 8. odiar-se, sentimento de culpa, de se sentir sem valor ou com vergonha; 9. uma perda recente importante – morte, divórcio, separação, etc; 10. história familiar de suicídio; 11. desejo súbito de concluir os afazeres pessoais, organizar documentos, escrever um testamento, etc.; 12. sentimentos de solidão, impotência, desesperança; 13. cartas de despedida; 14. doença física crônica, limitante ou dolorosa; 15. menção repetida de morte ou suicídio.”

O que podemos escutar? Sou um peso pro outros! Preferia está morto! Não posso fazer nada! Não aguento mais! Sou um perdedor! Os outros vão ser mais felizes sem mim!


O que podemos fazer? Quatro são as iniciativas: Primeiro passo, conversar sobre a morte quando suspeitamos o risco de uma pessoa vir se matar; o segundo passo, sem nenhum julgamento moral ou religioso,ouvir com atenção e respeito, o terceiro passo, acalmar e proteger a pessoa que está em perigo eminente e o quarto conduzir a pessoa a um profissional da saúde mental, pois quem está deprimido não tem iniciativa para buscar ajuda. Pois, o suicídio é uma questão de saúde pública e sua melhor prevenção é o conhecimento e informação consistente. O foco da ação deve ser a qualidade de vida e a saúde integral da população para compreender e prevenir os riscos com desenvolvimento de programas preventivos e com a intervenção nos casos de violência, autoagressão e suicídio – como acontece no Brasil o “Setembro Amarelo”.


Quando acontece uma perda por suicídio os familiares que ficam carregam consigo momentos de choque, de culpa por não ter percebido, de raiva de porque foi fazer isso comigo, preocupação com a perda. É um rompimento injustificado dos vínculos de solidariedade e de amor para com a família e a sociedade. Nesta situação, a melhor forma de agir é evitar falar e fazer perguntas, mas ter uma presença consoladora com um abraço forte, um beijo, uma presença silenciosa como Maria aos pés da Cruz. Deus como pai é capaz de acolher todo desespero com seu amor e misericórdia suprindo o pecado e o desespero. Por isso, a fé torna-se importante para perceber a presença de Deus, do seu amor e dar o sentido da vida. Ter fé é fundamental para ressignificar a vida dos que ficam. E diante todo acontecimento de morte a vida permanece tendo o seu valor primordial e inviolável. Portanto, Deus imprimiu no homem sua imagem e soprou um hálito de vida (Gn 2.7) e o transformou num valor inestimável e hoje nos convida para acolher, amar e combater todo tipo de morte, inclusive o suicídio. Você é chamado a promover a vida!




Bibliografia

Catecismo da Igreja católica, nn. 2280-2283

Vale,Licio de Araujo. E foram deixados para trás. Uma reflexão sobre o fenômeno do suicídio, Loyola, São Paulo, 2017. 135p.

BRASIL, Ministério da Saúde. Prevenção do suicídio: manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental.Brasília: (s.n), 2006. 76p.

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